quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Curiosidade: História dos bairros da cidade

Conheça a história de alguns bairros de São Gonçalo

Mutuá 

   Segundo o Decreto de 1937 que determinava a criação de loteamentos no município de São Gonçalo, a região hoje conhecida como Mutuá foi a primeira a ser escolhida para que tal experimento fosse aplicado. 
   Com o nome primeiro de "Cidade Nova" tendo em vista a organização de suas ruas dando a São Gonçalo uma visibilidade maior no estado do Rio.            

   Realmente, o bairro é bem organizado, com praças e ruas largas, aproveitando todos os morros. Na Praça José Pedrosa (conhecida como “pracinha do Mutuá”), existia um grande cinema para os moradores. 
   Mais tarde, segundo testemunhos, este loteamento foi edificado pela Caixa Econômica Federal (CEF) para soldados e praças da Marinha do Brasil. 
   E por ser a CEF a financiadora através do sistema de compra, parte-se do pressuposto que o nome "mutuá" venha da corruptela de "bairro dos MUTUÁrios". 

Boaçú

   O nome Boassú (atualmente estão escrevendo Boaçú) incorre no mesmo processo de corruptela de nomes. 
   O nome correto seria "m´boi-assú" que significa na lingua Tupi "cobra grande" - uma vez que a região era abundante em cobras grandes, tipo Jibóias e até Sucuris. Deve-se também ao nome do rio que corta quase toda a cidade, o rio Imboaçu. 
   Por isso, se encontrar alguma cobra grande no local, anime-se: a natureza está voltando... 

Salgueiro 

   Deve-se ao sr. Salgueiro, português que tinha um comércio no que hoje é a esquina entre Estrada das Palmeiras e Estrada da Sapucaia. De fato, “Salgueiro” é apenas o nome de quatro quadras do bairro, que se chama “São Lourenço” em sua totalidade. 
   A fazenda que existia ali - S. Lourenço - foi loteada e na década de 1960 o BNH - antigo Banco Nacional da Habitação, federal - fez um conjunto de casas muito boas no local para trabalhadores. 
   As casas tinham o planejamento da “puxadinha”, isto é, um espaço no fundo do quintal para que pudesse ser feita mais uma construção, como uma meia-água – tradicional para os filhos que se casam cedo e que ainda não têm casa própria. 
   Os antigos dizem que os moradores do morro do Salgueiro, no Rio, foram morar lá, levando para o bairro, além da coincidência do nome do morro, a violência e bandidagem. Por coincidência, o Morro do Salgueiro, no Rio de Janeiro, era de propriedade do parente do sr. Salgueiro de São Gonçalo. A mesma família deu seus nomes a locais distintos... 
   Na verdade, e poucos sabem, existem vários bairros e sub-bairros no local, além do Salgueiro, que pertence ao 1o. Distrito da cidade.: São Lourenço, Eucalipto, etc. 

Luiz Caçador 

   Deve-se ao nome de um pai-de-santo que morava perto. Na verdade, ele tinha o Centro de Umbanda antes do bairro, mas ficou o nome dele. Era cruel ao extremo, fazendo magia negra para qualquer um que encomendasse. Morreu cego e sem os membros, perdidos por doenças. 
   O nome original do loteamento que deu origem à região é “bairro Nossa Senhora do Amparo”. 
   Em 1974 foi feito o Parque Independência, que é o bairro no ponto final do ônibus - ainda tem a pedra com o monumento no retorno do ônibus - e o bairro começou a crescer. 
   A Estrada da Trindade passa pelo bairro e não apenas termina nele. 
Curiosidade: aquela área do CIEP do local (tem dois) chama-se "Vital Brasil", pois eram criadas cabras para serem usadas em experiências científicas na instituição de mesmo nome. Sabia ? 



Barro Vermelho

   Há muitas histórias: segundo a prof. Maria Nelma C. Braga, o nome "barro vermelho" foi devido a uma olaria pertencente à família Nanci - a mesma que é dona de uma grande fazenda em Maricá, foi dona do Cine Nanci (atual loja Marisa, no Rodo), é dona de vários imóveis na cidade, como aquela casa ao lado da Escola Nilo Peçanha, no Zé Garoto e de onde vem os políticos Nanci da cidade - de onde se tirava um barro aonde fica atualmente o CIEP do bairro.
   Através do Decreto 527, passou-se a chamar bairro de Fátima. Mas para os moradores o nome continua sendo "Barro Vermelho".

Bairro das Palmeiras

   É o nome oficial do "conjunto da Marinha".
   Explico: na década de 1980, a Marinha do Brasil mandou aterrar o mangue que existe no local - eu vi, tinha caminhão de aterro que não acabava mais - para fazer um bairro para os marinheiros. A escola do local tem nome de marinheiro (inclusive participante da Guerra do Paraguai).
   O nome provém da Estrada das Palmeiras, que começa no Rodo de Itaúna e termina no conjunto da PM. Era tudo mangue pertencente ao rio Guaxindiba.
   As ruas do lado oposto ao conjunto (subindo o Maciço de Itaúna)tem nome de artistas de cinema - Charles Chaplin, etc.
   Seguindo a onda, a PM mandou construir mais a frente um conjunto para os seus soldados.
   Acontece que o conjunto da PM nao vingou, e foi invadido anos depois por famílias inteiras. É isso aí: os primeiros moradores são invasores...
   Curiosidade: mais a frente do conjunto da PM existia um QUILOMBO, cujos quilombolas viviam como no século XIX. Hoje, com a falta de segurança pública no local, fugiram de lá...

Engenho Pequeno

   Era a fazenda de João Caldeira. Ele que dava este nome ao seu engenho de cana por achá-lo "pequeno" (que não tinha nada de pequeno). Toneladas de açúcar eram produzidas ali e saíam pelos portos da cidade (eram 10 portos).
   Inclusive, é interessante citar que São Gonçalo tinha a maior produção de açúcar do estado, e também de Cachaça.
   Em São Gonçalo teve origem a primeira revolta contra o Império: A Revolta da Cachaça (daí o motivo daqueles furos na Pedra da Coruja, no Zé Garoto, mas isso é outra história). 



Jardim Catarina


   Jardim Catarina é considerado o maior Loteamento da América Latina, apesar de possuir uma faixa de terra menor do que outros bairros localizados em São Gonçalo, recebeu este título devido a grande quantidade de lotes 12x30m. O bairro esta situado ao nível do mar e sua área total é maior que o município de Nilópolis. A origem do Jardim Catarina remonta a antiga Fazenda Laranjal, cujo o seu proprietário foi o senhor Júlio Pedroso Lima que a comprou em 26 de junho de 1903 do Banco da Republica do Brasil S/A. Nesta fazenda ao lado da casa grande havia uma capela, quinze casas destinadas aos colonos da fazenda, o engenho e a Escola Rural (para os filhos dos colonos da fazenda ) . Após a morte de seu proprietário em 1925, a escola foi doada a prefeitura. A partir de 1947, Júlio Pedroso Lima Júnior, filho do proprietário da Fazenda vendeu alguns lotes de terra ao Bispo D. João da Matta, na localidade hoje denominada Santa Luzia este doou uma parte da terra para construção de uma capela e outra parte para aumentar a área das terras da escola. As casas construídas na fazenda foram doadas aos seus moradores ( colonos e posseiros). Em 1932, a fazenda passou a ser administrada pelo seu sobrinho Américo Lima. Foi loteada pelo seu neto Antônio de Barros Lima Filho. Suas partes deram origem aos atuais bairros Laranjal, Santa Luzia, Boa Vista e Jardim Catarina.




Um estudo mais aprofundado pode ser feito no livro "O município de São Gonçalo e sua História", da professora Maria Nelma Carvalho Braga. 


Alexandre Martins
Bacharel em Artes pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Empresário cultural, produtor e diretor de desenhos-animados em seu próprio estúdio em São Gonçalo desde 1992.
Animador, gravador, programador visual, escritor, pesquisador e especialista em Arte Sacra.
Membro da Associação Internacional dos Cineastas de Animação - ASIFA.
Membro-fundador da Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo, RJ.
Membro da Academia Marial de Aparecida, SP.



Fonte original

11 comentários:

  1. Acrescentando, sobre o nome do bairro Boaçu, é cediço que os nomes de origem indígena e com a terminação -açu são escritos com ç e não com ss.

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  2. Gostaria de saber a história do bairro antonina

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  3. Gostaria de saber a história do bairro antonina

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  4. Parabéns pelas histórias das origens dos nomes dos bairros, muito esclarecedor. E tb concordo com a Luciana Xavier sobre o açu ser de origem tupi guarani e não o assu, que era o nome da antiga Viação Boassú que atendia aos moradores do bairro antes de ser adquirida pela Viação Coesa e esta pela Viação Mauá.
    Marcelo Veiga

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    1. Fui morar no Mútua em 1953 ainda criança e me mudei em 1961 pré adolescente. O cine Mútua frequentei muito quando criança. Tomei muito banho na lagoa do Boaçu. Chamava lagoa do Porto do Rosa. Cheguei a ver seu Luiz Caçador lá no centro.

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  5. Parabéns pelo trabalho. Gostei da história do meu bairro, o Boaçú

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  6. Bem exclarecido gostei da História do Bairro que fui criado.

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  7. Preciso saber a origem da rua Paulo de Freitas Bairro antonina

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  8. Historiador Favor corrigir: o Luiz Caçador era de terreiro de candomblé e não de umbanda.
    Embora ambos trazem características de matriz africana, a umbanda não aceita trabalhos para o mal.

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  9. Pelo que falavam nunca foi candomblé e sim terreiro de quimbanda. O nome do centro não era nome africano como os terreiros de candomblé. E seu Luiz Caçador não era de origem da Bahia.

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